Eu... Enfrentando a Esquizofrenia

Resultado de imagem para cerebro fragmentadoRelutei muito em escrever este texto, acho que pelo fato de não saber ao certo o que escreveria; se faria uma revisão bibliográfica ou se olharia pra minha vida e meu eu interior e escreveria o que vivo e sinto. Foi ai que resolvi falar o que vivo fazendo uma autobiografia.

Sempre fui muito agitada e desatenta; tive várias dificuldades de aprendizagem e progressivamente passei a ter muita dificuldade de relacionamento, nunca fui de ter muitos amigos e o relacionamento com os familiares como tios e primos até acabar por total com uma grande parte deles.

Minha adolescência foi difícil e a cada dia mais isolada e restrita a poucas pessoas e amigos e com bastantes conflitos familiares, grandes ataques de raiva e uma gigante instabilidade de humor. Em 2004 com os meus 19 anos comecei a entender que ouvia vozes e via pessoas, no entanto não sabia explicar o que acontecia. 

Em 2005 mudei de religião e tinha um convívio de muita fissuração com algumas pessoas. Em 2009 o que era só visões e vozes passou a ser ameaçador, onde um exercito de anjos demoníacos me vigiava e queriam me levar com eles pois como eu não era uma pessoa boa e nunca alcançaria a salvação e se continuasse na Terra faria com que muitas pessoas queridas sofresse e o mundo não poderia então ser salvo pelos anjos bons e assim toda a humanidade seria infeliz. Esses anjos demoníacos colocaram em meu ouvido um chip pra me vigiarem e os anjos bons assim poderiam me explodir e salvar a humanidade. Nesse tempo eu tinha muito medo e até ao sair percebia que todas as pessoas me vigiavam e queriam que eu explodisse, foi nesse momento que meu amigo Flipi ficou ao meu lado o tempo todo e sempre tinha um sorriso pra me dar.

Em 2012 a medicação do psiquiatra foi retirada e em menos de seis meses toda essa perseguição voltou de uma maneira mais grave, essas melhoras e recaídas foram acontecendo de 2012 a 2016, pois sempre que havia melhora a medicação era retirada e a cada recaída a gravidade era maior com até uma tentativa de suicídio em setembro de 2013.

Em Julho de 2016 com o incentivo da endocrinologista e do meu psicólogo resolvemos escutar uma segunda opinião psiquiátrica, foi ai que o temido e tão provável diagnóstico de esquizofrenia paranóide foi fechado. Assim o quebra cabeça que sempre faltou uma peça se completou para mim e meu marido e aqueles sintomas já citados mais os dos bichos de varias cabeças ao qual sempre chamei de formigas que tentavam roubar meu DNA começaram a amenizar com o novo tratamento, sendo as alucinações sensitivas as que mais persistirão só tendo um alívio de 90% em abril desse ano com uma revisão da dosagem do antipsicótico.

Muitos questionam o fato de eu não ser agressiva, no entanto desde a infância sempre tive vários ataques de raiva e explosões que muitas das vezes eram agressões verbais e em poucos episódios físicas.


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, montanha, céu, nuvem, atividades ao ar livre e naturezaSempre tive que trabalhar o auto controle porem quando me sinto ameaçada e perseguida é quase que impossível identificar o real do imaginário. Algumas vezes me perco dentro dos delírios, alucinações e paranoias de perseguições e quando me vejo dentro desses sintomas logo sinalizo ao Rafa e peço a ele pra não me deixar só. O medo do amanhã é grande mas cada dia vivido bem é uma vitória e como sempre fui bastante competitiva adoro desafios e a cada um que venço é gás novo para o próximo.

Hoje com auxílio do Marcus meu psicologo, da Dra. Cristiane minha psiquiatra e do meu marido Rafael, consigo achar meios de ter uma boa qualidade de vida. Escuto música pra realizar minhas tarefas de casa e realizar minhas atividades de trabalho, estou na academia desde março pra conseguir perder peso e voltei ao jiu-jitsu pra conseguir liberar energia e diminuir a agitação. Podemos dizer que as terapias que encontrei e as medicações estão me fazendo entender o meu lugar no mundo, realizando novas amizades e me ajudando a ter uma melhor qualidade de vida.

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