Porque você não trabalha?

Acredito que esse tema tenha me frustrado durante alguns anos desde que me formei em julho de 2011, pois não consegui bom resultado em nenhuma das tentativas profissionais que me dispus a exercer.

Logo que me formei arrumei um emprego na COT uma clínica de ortopedia de minha cidade a qual conheço os donos a bastante tempo e me dispus a trabalhar com fisioterapia respiratória, recebi o primeiro pagamento em novembro e por ser comissão não chegou a 70 reais o que recebi como primeiro salário. Que fique claro que tenho o maior respeito e sou muito grata ao Dr. Robson e ao seu irmão Dr. Roberto pela oportunidade. Só que na minha cabeça surgiu uma mistura de sentimentos tristeza, desespero, frustração e susto. Continuei a trabalhar e a cada dia mais e mais pra tentar melhorar meus resultados financeiros, só que sempre acreditei em uma fisioterapia bem feita sem tentar fazer volume pra ter resultado financeiro esperado. Foi ai que em julho de 2012 eu entrei em surto novamente e como atendia muita criança me afastei do trabalho.

Nesse meio tempo meu padrinho Ferruccio ao saber que eu tinha parado de trabalhar me chamou pra o ajudar na clínica só que novamente comissionado e em março de 2013 os fisioterapeutas que tomavam conta da ortopedia saíram e ele me pós pra assumir ai foi loucura total onde ele queria volume de atendimento e bons resultados, iniciava o trabalho as 7h da manhã e saia praticamente as 20h o nível de estresse foi aumentando muitas crises de asma brônquica até que em uma fiquei internada e alem da asma descobri que tinha diabetes tipo II. Ao sair do hospital a alimentação teve que ser toda mudada mais o estresse da jornada exaustava de trabalho tive novo surto só que esse com uma tentativa de suicídio.

Na fisioclínica eu trabalhava muito e recebia uma faixa de 1000 reais só que atendia um volume de 40 pacientes por dia e tinha que tentar dar qualidade de atendimento a todos os pacientes. Ao entrar em surto sai do trabalho, pois precisava me tratar. Foi ai que resolvi ficar tomando conta dos meus avós maternos.

Só que eu queria ser produtiva financeiramente e foi ai que pedi ao meu marido pra me indicar na empresa em que ele trabalha, como ainda não tinha diagnóstico fechado o psiquiatra deu um atestado falando de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e deficiência intelectual leve, entrei no processo seletivo pelo pcd (pessoa com deficiência) passei pela primeira faze da entrevista com RH e fui pra entrevista com o responsável do setor ao qual acho que pelo RH eu passei, comecei a trabalhar no dia 17 de fevereiro de 2014, onde não me adaptei a rotina, fui acusada de tomar medicação sem orientação, tive dois surtos e na hora do lanche não podia ir a varanda pois na primeira fase da entrevista falei da tentativa de suicídio e os superiores achavam que eu iria me suicidar. Acredito que o pior foi a falta de tolerância da superior do setor a qual até hoje entro em pânico só de ver. Foi a experiência mais traumatizante da minha vida, durou somente 10 dias mais a pior parte foi a demissão onde escutei que a empresa não estava preparada pra ter uma pessoa como eu no quadro de funcionários, vê a pessoa que te acusou de tomar remédio sem orientação e que não soube e nem teve a menor paciência em me treinar e ainda me comparou na produtividade o tempo inteiro com uma pessoa que entrou no processo seletivo normal, dizendo que iria sentir minha falta, foi foda. O trauma foi tão grande que eu fiquei com medo de ir buscar meu marido na porta da empresa e até hoje quando tenho que ir lá preciso trabalhar com minha cabeça pra não surtar. Só quero que fique claro que admiro demais a empresa e acredito que se fosse hoje com o diagnostico correto tudo seria diferente e muito a empresa fez e faz pelo meu marido que é um excelente profissional.

De 2014 a 2016 fiz curso de departamento pessoal, voltei a atender na fisioclínica por um tempo, fiz atendimentos na minha residência e até mesmo atendi na igreja só que como a esquizofrenia não ajuda nada disso deu certo.

Foi o ano passado que mudamos de psiquiatra e recebemos o diagnostico correto de esquizofrenia Paranoide (CID F20) e mesmo assim na minha cabeça o trabalho ainda era uma frustração até eu e meu marido montar o blog Mariah No Mundo no dia 16.04.2017. Foi uma realização encontrei meu lugar no mundo e descobri o que vim fazer nesse mundo.

Numa das consultas desse ano com a minha psiquiatra Cristiane Pimenta, ela me deu a ideia de divulgar o blog alem de minhas redes sociais, para grupos de apoio e foi isso que fiz, onde hoje encontrei a ABRE, o Grupo é Possível entre muitos outros até amizades eu fiz como com o Altieres Rocha, Daniel Veloso, José Orsi.

Hoje tenho plena certeza de que meu trabalho é de ajudar a pessoas que como eu, sofrem de algum problema ou doença mental e não são compreendidos. Hoje sou realizada com o blog e sei que posso ir muito longe com saúde, tecnologia e informação. Sei também que o blog primeiramente me ajuda e por me ajudar a consequência é ajudar ao próximo.

Com meus estudos em busca da saúde mental descobri o grupo entrelaços e eu e meu marido estamos participando dos seminários pra quem sabe um dia termos em Teresópolis um grupo de apoio ao familiar e ao doente mental grave.

Hoje sou uma pessoa realizada e feliz com o que faço e creiam brigo e luto pra ajudar aos que sofrem preconceito por ser diferente da maioria da sociedade.