A Esquizofrenia às vezes nos dá rasteiras
Muitos
vão se perguntar se falarei se falarei novamente de como foi minha primeira
crise psicótica aguda; não é disto que irei falar, mas sim de como o transtorno
nos prega peças e nos mostra que está ali e que tenho que cuidar de mim
primeiro pra que assim eu consigo ajudar a outros.
A
esquizofrenia já me ensinou muita coisa, como: eu não sou igual aos ditos “normais”,
não posso confiar em qualquer pessoa, não é pelo fato de ser parente que é do
bem, a ter paciência que mesmo que demore um pouco eu vou conseguir e por
último que preciso cuidar bem de mim e ajudar a terceiros quando eu estiver
bem.
Na
quarta-feira dia 29 de novembro de 2017 acordei bem e atrasada, como sempre, eu
e Rafa nos arrumamos, tomamos café e fomos de carro até a casa da vovó Mazé.
Ele subiu na frente pois estava atrasado e precisava ir mais rápido, eu entrei
falei com a vovó e sai para ir pro Jiu-Jitsu. Subindo a Calçada da Fama um
pouco mais rápido, pois já estava em cima da hora pro início do treino, no meio
do caminho comecei a escutar muitas vozes e parecia que as pessoas falavam mal
de mim, foi ai que percebi que uma pessoa botou uma bomba dentro de mim. Encostei
na parede de um “shopping” (nesse shopping deve passar por dia umas 50 pessoas naquele horário)
estava lá dura, sem me mover e liguei em desespero pro Rafa pedindo socorro, pois
eu não podia sair daquele lugar. Não sei quanto tempo ele demorou pra chegar
até onde eu estava e nem como sai dali. Só sei que desde então estou apavorada
em sair só de casa e até o termino dessa semana não treinei nenhum dia.
Foi
nessa situação ruim que percebi que preciso cuidar mais de mim e ajudar a quem
precisa sem que isso me faça mal e atrapalhe meu tratamento. Tenho que evitar
estresse que é um gatilho pra recaída. Hoje estou me reestruturando do ocorrido
e percebo nisso que vou ter que ter hora pra ajudar aos amigos que passam pelo
mesmo que eu. Sei que a vontade é de estar 24 horas a disposição, no entanto eu
sofro o mesmo que vocês e preciso cuidar de mim pra assim ajudar vocês.
Só
que não aceito nem permito que a esquizofrenia vença a guerra, e foi nesse
contesto de uma semana ruim que sábado dia 02 de dezembro de 2017. Desci para o
IPUB-UFRJ pra participar do Entrelaços 2017/2018 onde participei de uma mesa
redonda juntamente com o Dr. Leonardo Palmeira onde eu com mais quatro
portadores de transtorno mental mostramos que é possível vencer, se recuperar,
ter uma qualidade de vida, estudar, trabalhar e ter uma vida social dentro dos
nossos limites.
Aprendi que entre os pares somos respeitados e até recebemos muito carinho, muitas pessoas ontem esperaram a nossa chegada ao IPUB, pois enfrentamos um engarrafamento grande que até me desestabilizou, mas o carinho de cada um, em especial da equipe do Entrelaços mudando o horário da mesa para que eu pudesse participar, foi um sinal sincero de respeito pelo meu trabalho e minha recuperação se dá para ajudar a todos estes que me incentivam.
E você, já passou por alguma experiência paralisante e superou? Conte sua experiência.
Parabéns, Mariah!
ResponderExcluirForça e Foco!
Felicidades!
Obrigada pelo ápio, temos que botar a cara a tapa e fazer com que o estima acabe.
ExcluirParabéns Mariah! Perceber essas peças que a doença dá é um excelente passo para uma qualidade de vida. Você é Maravilhosa 😘
ResponderExcluirObrigada!!! Tenho muito o que brigar pra acabar o estigma e a desenformação.
ExcluirÉ importante ver que você tem crítica com relação ao que te acontece. Você está indo bem. Espero vocês na nossa confraternização!
ResponderExcluirObrigada, sei que é um passo por vez e um trabalho de formiguinha que envolve uma equipe multidisciplinar que me apoia e me orienta. O caminho a percorrer é longo mais com aceitação, estudo e determinação vamos conseguir mostrar que podemos vencer.
ExcluirMariah, você tem todos os motivos para se orgulhar de você mesma! Parabéns por suas grandes vitórias diárias e pro Rafa também, sempre tão presente e importante na sua vida!
ResponderExcluirObrigada tia Carla, mais essa vitória não é só minha e sim de muitos que por traz de mim e do Rafa nos mostrar que é possível acabar com o estigma.
ExcluirBom dia Mariah, participei do seminário e fiquei maravilhada com sua determinação e segurança, sua atitude nos deu também mais conforto e alívio. Siga assim.
ExcluirObrigada, essa segurança é fruto de um bom tratamento e de uma equipe multidisciplinar fantastica. Até junho de 2016 eu não era assim.
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