Não crie expectativa
Com
a divulgação do blog e a boa aceitação dele na rede, muitas pessoas começaram a entrar em contato, contar suas alegrias, angustias e até medos. Minha participação no Entrelaços e também em eventos acabaram me projetando para ter contato com muitas pessoas.
Por incrível que pareça, já ajudei a muita gente a entender o quanto eles são importante na vida de seus queridos. Trabalho muito na divulgação da esquizofrenia como um transtorno de amor. Sim, é possível conviver com a esquizofrenia e viver bem. O
que as pessoas não percebem, em alguns momentos, é que sou portadora de um grave transtorno igual a
elas e muitas vezes elas colocam expectativas sobre mim que não consigo
corresponder.
Tenho
muita dificuldade de interagir com as pessoas, mesmo que isso não seja tão nítido
quando estou perto dos amigos que tenho costume de conviver. Essa dificuldade
de interação levam as pessoas que me conhecem pouco achar que não quero me
relacionar e isso piora com o fato de eu ser bastante sucinta e objetiva.
Tenho
como objetivo correr atrás dos meus direitos, eu e meu marido participamos de grupos na internet que promovem a dignidade da pessoa com esquizofrenia, temos o "Entrelaços", "Mãos de mães" e o "Filhos amados e com esquizofrenia, sim é possível" que representam uma luta a nível nacional para defender nossos direitos. Se posso ter isenção de imposto,
passar por um processo seletivo de emprego com uma adaptação diferenciada, se
tenho direito a não pagar ônibus e etc. acredito que o mais justo seja correr
pra conseguir, não ficar comendo mosca e ajudar a tantos outros que necessitam destes direitos a tomar consciência de seus direitos também.
De
forma alguma me vitimo, no entanto não escondo o assunto de quem acho necessário
que saiba e que possa de alguma forma me auxiliar. Não tiro proveito e nem me
sinto melhor que ninguém só quero viver bem com as pessoas que amo.
No
inicio ficava preocupada com o que iriam pensar de mim e fazia de tudo para
agrada-las. Com a ajuda de meu psicólogo, a psiquiatra e com o pessoal do IPUB-UFRJ acabei entendendo que este espaço é meu e devo expor aquilo que é importante para mim e para os meus pares.
Uma situação que aconteceu comigo foi quando comecei a receber muitas mensagens e até em conversas no Whatsapp, as pessoas achavam que
eu tinha que ter a mesma desenvoltura e simpatia que elas criavam em suas cabeças
sobre mim, foi ai que eu tive um desequilíbrio do quadro da esquizofrenia e quase parei com o blog. Em uma das idas ao IPUB o Dr. Alexandre e Dr. Leonardo
juntamente com toda a equipe do Entrelaços montaram um texto pra eu enviar para
que essa cobrança não me prejudique.
Passar por instabilidades fez com que eu percebesse o quanto posso ajudar a uma pessoa e quanto preciso de ajuda em vários momentos. Em alguns casos percebo que não correspondo a expectativa, mas sempre recorro aos meus médicos e psicólogo para que possamos estar estáveis e ajudar sempre de acordo com o que posso. Não estou sozinha, sempre com muitos me apoiando a viver bem.
Um dia de cada vez!! Assim vivemos, com ou sem transtorno psíquico, Mariah!!! Bjosss..
ResponderExcluirSempre tia Carla.
ExcluirMariah, vc e fantástica..e e certa quando diz sobre expectativas que pessoas criam ao nosso redor. Se esquecem que temos os mesmos sentimentos, receios, medos, angustan, frustrações. Mas a gente sabe a hora de frear, parar, respirar para depois cobtincon. Parabéns pelo texto. Compartilhando agora.
ResponderExcluirBj.
Obrigada Sarah, fico triste pq as pessoas chegam a agir com maldade. Mas sei que a nossa missão é maior que tudo isso. A luta não acabou.
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