Será que eu sou preguiçosa?

A esquizofrenia tem sintomas muito significativos chamados positivos e negativos. Hoje quero chamar a atenção dos negativos. No site www.entendendoaesquizofrenia.com.br encontramos uma definição assim  dos pontos negativos: 

"A falta de vontade, de iniciativa ou da persistência em algumas atividades da vida cotidiana é vista pela maioria dos familiares como sinal de preguiça ou má vontade. Entretanto, este é um sintoma da esquizofrenia. Em graus variados de intensidade, pacientes têm dificuldade de iniciativa, demonstram-se desinteressados ou indiferentes aos desafios e atividades que lhes são propostas. Tendem a escolher atividades mais passivas, onde não é exigido esforço físico ou cognitivo, como assistir TV, ouvir rádio, ou mesmo passar grande parte do tempo ociosos. As deficiências da vontade são responsáveis por grande parte das dificuldades em atividades produtivas, como trabalho e estudos, e sociais, contribuindo para maior isolamento."

Pra mim enfrentar os sintomas negativos da esquizofrenia tem sido diariamente uma gigante guerra, pois iniciar as atividades rotineiras e as quais gosto de fazer tem se tornado muito difícil, ruim e a vontade de simplesmente não fazer nada tem imperado em minha rotina. Até o simples acordar tem se tornado bem complicado.

Meu avô Tarcísio sempre disse que eu era um poço de preguiça; hoje sei que o que ele chamava de preguiça nada mais era do que um dos sintomas negativos da esquizofrenia. Esse pra mim é um dos piores, pois parece que tem uma bola de chumbo amarrada na perna e tudo que pra mim era legal e agradável se torna um fardo e até insuportável.

Sorrir que é uma das coisas que mais gosto de fazer é bem ruim, mesmo que seja por coisas boas, as coisas engraçadas essas já não me levam a sorrir a bastante tempo.

Sempre tive dificuldade de dar continuidades em atividades que gostava de fazer como: aprender inglês, treinar jiu-jitsu, fazer natação, aula de violão, em alguns momentos até estudar e principalmente participar de eventos com colegas e amigos.

Quando saímos com outras pessoas geralmente fico totalmente alheia a conversa e fico meio que em um mundo paralelo ao que estou naquele momento, isso só não ocorre quando saímos com a família que Deus nos deu (tia Maria, Andréia e Daniel).

Sei que muitos acham que esses sintomas são frescura, mas só quem convive com o transtorno sabe como é difícil e complicado ultrapassar essas barreiras, pois já enfrentamos e passamos pelos sintomas positivos e antes de tudo pelo pródomo.

Hoje entendo os motivos de sempre ter tido poucos, mais muito poucos amigos, por ter tido dificuldade de aprendizagem e por sempre ter tido grande medos.

Sei que depois de tudo que estudei não posso concordar que tenha uma preguiça normal, sei que também pode acontecer de ter preguiça em alguns momentos, mas luto, pode ter certeza disso, para que meus dias não sejam imperados por ela.