Melhorando a Qualidade de Vida

Nos primeiros anos do meu tratamento buscávamos controlar os surtos e garantir um convívio social melhor. Foram anos indo a médicos e mais médicos buscando o melhor tratamento, com as medicações mais específicas para me tratar e viver bem. Não pensava em como poderia estar hoje com uma medicação apenas e com mais qualidade de vida.

Depois de ter participado dos Seminários do programa Entrelaços do IPUB em 2017, uma nova jornada se abriu nas nossas cabeças, um novo mundo estava abrindo as portas e eu entrando nele com toda energia que poderia ter.

Aprendi com os profissionais do Entrelaços que não adianta medicação se  existe um aumento da emoção expressada, o tão comum ambiente de estresse continua a existir de forma tão violenta. Uma casa onde gritos, falta de diálogo, falta de amor entre os membros e sobretudo desconfiança abrem as oportunidades para as suspeitas e o medo do portador de esquizofrenia. Tudo isso torna motivo de sentir-se perseguido, ameaçado, que vai perder algo importante. 

Foi dessa forma que comecei desde setembro de 2017 a fugir desse tipo de ambiente. Os ambientes não vão deixar de existir, eu que passei a não querer mais frequentar estes lugares, mesmo que esse ambiente seja a casa da minha amada vó Mazé, um determinado grupo de colegas: eu decidi mudar. 

Passei por várias situações exaustivas e que no fundo faziam com que a minha esquizofrenia saísse do controle. Desde a chegada do meu filho Gabriel passei a fugir desses ambientes, só que não abria mão de estar longe de minha vó.  E foi depois de várias situações esdrúxulas durante o ano de 2019, que no aniversário de dois anos do Gabriel desistir de querer ficar tão próxima da minha vó Mazé e seguir uma nova jornada. 

Passei a pensar em mim e nos meus, principalmente no meu marido e no meu filho. Na duas primeiras semanas senti muita falta de estar quase que diariamente com minha vó, porém foi neste mesmo momento que percebi que ela já viveu sua vida e que eu estava anulando a minha, piorando da esquizofrenia por ter que lidar com situações que os filhos podem resolver, deixei que os filhos fossem os responsáveis por cuidar dela e não mais eu, precisava cuidar dos meus. Foi duro mudar de postura, saindo do lugar de "alguém como se fosse filha" para o meu papel real de neta. Me tirei desse lugar e me ergui como ajudante do meu marido em meu lar e em nossos sonhos.

Dentro de casa optamos por viver o método LEAP, onde os meus buscam me ouvir, me compreender, se colocam no meu lugar, vivem o meu drama e me ajudam a reerguer todo dia. Formamos uma parceria em casa em que todos, sem exceção, até o Gabriel com 3 anos faz isso, respeita meus isolamentos e momento de tristeza e vivem comigo também as alegrias e vitórias. 

Amo demais meus colegas, minha amada avó jamais saiu da minha memória, ela sempre foi minha melhor amiga, minha parceira de vida e de jornada e sempre estarei ao lado dela quando precisar. Meus tios tenho uma relação muito melhor com eles hoje, sei o quanto lutam para conquistar o deles. Não sei nem o que falar da minha mãe, que mulher guerreira e de fibra. Amo a todos que me ajudam a melhorar todo dia a minha qualidade de vida e aumentar meus dias felizes.

Comentários

  1. Saudações Mariah, que boas são suas conquistas, parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Oi me indentifiquei também tenho a paranoide mais a catatônica, a questão é a gente lutar todos os dias contra esses problemas, e não é que conseguimos viver bem neh? 😊😘😘

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Marcela Obrigada pelo carinho, não é fácil mais é possível basta fazer tudo direito. Obrigada pelo seu recado assim a vida fica mais fácil.

      Excluir
  3. Desculpa a demora em te responder. Você disse tudo, precisamos fugir de problemas, infelizmente as pessoas que eram pra nos apoiar são as pessoas que mais nos causam aumento dos sintomas. Não desista de ser feliz mesmo que pra isso tenha que se afastar de familiares.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Gratidão aos amigos

Psicofobia no próximo

Muitas vezes me sinto só